Em Blade Runner 2049, uma nova espécie de replicantes é desenvolvida pela Tyrell Corporation para ser mais obediente à humanidade sem risco de rebelião. Segundo o líder da corporação, Niander Wallace (Jared Leto), isso ocorre devido à perda da coragem pelos humanos de escravizar uns aos outros como faziam no passado. O trabalho de K (Ryan Gosling), que é um replicante "blade runner", é caçar fugitivos remanescentes do modelo antigo de androides e matá-los.
Tudo funciona bem nessa realidade até um dado que desperta a consciência de K. Consciência é aquilo que, por definição, permite ao ser humano compreender aspectos do seu mundo interior e estimula a percepção entre o certo e o errado; é o domínio que transcende o espaço e o tempo segundo a física quântica; e aquilo que, segundo Sartre, dá ordem e propósito ao mundo.
Uma vez conscientes do seu aprisionamento, os novos replicantes passam a questionar sua liberdade. Como provar que são seus próprios mestres?
O filme propõe duas vias de libertação. Uma delas se assemelha ao cristianismo tradicional. A salvação pode vir a partir de um ser excepcional, um Messias, o "milagre" que é mencionado na primeiras cenas. Essa é uma compreensão que predomina as mentes dos personagens ao mesmo tempo em que se dão conta de que esperar pelo Salvador não é suficiente para sua espécie. A outra alternativa (que se assemelha à defendida por Kant) é a de que os escravos só podem ser livres de verdade se libertarem a si próprios. Se a liberdade for dada sem esforços, rapidamente voltarão à servidão.
Quero finalizar dizendo que, apesar de gostar de ler, não sou profundo conhecedor de filosofia ou da obra de Kant, Sartre e até mesmo Descartes que eu já citei outras vezes. Eu apenas quis escrever um pouco para que as idéias que me ocorreram fossem expressas em vez de ficarem perdidas no tempo, por aí, como lágrimas na chuva.