quinta-feira, 13 de abril de 2017

Strike a Pose (2016)


Em 1991, dois documentários de grande importância para a comunidade LGBT foram lançados: "Paris is Burning", que mostrava a cena gay de Nova Iorque do fim dos anos 80 - as drag queens, os bailes, o vogue; e "Truth or Dare", que mostrou os bastidores da Blond Ambition Tour de Madonna e o convívio com sua equipe - parte dela composta por 7 dançarinos: Carlton, Gabriel, Jose, Kevin, Luis, Oliver e Slam. Uma Parada Gay e um beijo entre dois deles foram mostrados no filme. Em meio a polêmica e muitos protestos, a temática LGBT finalmente chegava ao mainstream.

Mal sabiam esses dançarinos que se tornariam ícones da cultura pop. A exposição deles em "Truth or Dare" foi transgressora em uma época de conservadorismo e repressão. Até hoje eles recebem mensagens de gays do mundo todo dizendo o quanto a coragem, a alegria e o talento mostrados foram inspiradores. Eu mesmo admito que foram minha primeira referência gay e quer eu me identificasse com eles ou não, a mensagem absorvida foi: está tudo bem em ser diferente.

Gabriel faleceu em 1995 em decorrência da Aids. E os outros resolveram contar as suas histórias no documentário "Strike a Pose", lançado ano passado. Esses foram os gays que eram jovens nos anos 90 e hoje estão envelhecendo, com uma trajetória de marginalidade, abandono e solidão - que nesse caso, especificamente, contrasta com toda a fama passageira que tiveram.

Doeu saber que a vida não foi pra eles aquilo com o que sempre sonharam. Muitos se deslumbraram, fizeram escolhas erradas e desperdiçaram oportunidades. Ver Slam chorando pelo segredo que não teve coragem de compartilhar com os amigos - resultado da educação rígida do pai - me partiu o coração. Mas me confortou saber que - exceto por Gabriel - eles sobreviveram, os medos e os preconceitos foram superados e hoje em dia estão bem. E sim, é possível superar todo o desamor que nos é imposto. 

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