segunda-feira, 29 de maio de 2017

Madonna, Words e Agressão Verbal


"Words" faz parte do álbum "Erotica" de 1992. Nunca foi single, cantada ao vivo ou trabalhada de qualquer forma. Mas é um tesouro escondido em sua obra e um momento brilhante como compositora.

A letra fala sobre o uso de palavras como instrumento de coação e manipulação ("You try to bring me low and gain control with your words") e a incoerência entre discursos e atitudes ("Your actions speak louder than promises"). Os danos desse tipo de agressão são psicológicos, mas podem parecer tão reais quanto uma dor física ("Words, they cut like a kinfe"). E nos últimos segundos da faixa, se ouve o barulho de uma máquina de escrever, que eu sempre interpretei como alguém prestando uma queixa policial após sofrer violência verbal. 

No caso de Madonna, palavras degradantes a seu respeito sempre foram ditas, principalmente nessa época em que ela escolheu incluir posicionamentos sobre religião e sexualidade na sua arte. Quanto a mim, já passei por agressões verbais inúmeras vezes na minha vida, algumas muito novo inclusive, já que sempre fui ~diferente~. E creio que ninguém está imune a essas situações. 

Quando eu prestei vestibular, o tema da minha redação foi: Palavras. Eu lembrei de Words e elaborei um texto inspirado nessa música. Tirei uma nota alta. Posso então dizer que, de alguma forma, Madonna me ajudou a entrar na Universidade.


quarta-feira, 10 de maio de 2017

Bono Vox


Eu conheço U2 desde sempre, assim como todo mundo. As músicas principais tocam tanto em todo lugar que algumas viram até clichê. Quando aprendi a tocar violão - e isso tem tempo - "Sunday Bloody Sunday" foi uma das músicas que a minha professora ensinou.

Nunca fui colecionador de U2. Do Bono, aliás sei pouco. Li a entrevista dele no livro "As Melhores Entrevistas da Revista Rolling Stones" há alguns anos e sei que perdeu a mãe cedo e teve uma relação conturbada com o pai a vida toda. E no que tange religião e sexualidade, Bono é a antítese de tudo o que eu sou: é cristão e heterossexual.

Mas durante um período conturbado da minha vida, música foi a minha terapia. E as vozes do Bono e do Brandon Flowers (talvez eu escreva sobre ele algum dia aqui também) me traziam calma, inclusive em músicas como "Yahweh" (um dos nomes bíblicos de Deus) e "40" (que é um salmo) - mesmo sendo eu um ateu.

Uma das músicas preferidas - "If God Will Send His Angels" - tem uma letra um pouco cínica (Jesus costumava me mostrar o caminho, então O colocaram no show business e agora é difícil chegar até a porta). E mesmo com tanta influência da religião em sua vida, Bono dedicou "Pride" em um show à aprovação do casamento gay nos Estados Unidos.

Estão dizendo que o U2 volta ao Brasil esse ano. Eu e uma amiga (que aliás, canta "Song For Someone" à capela) iremos com certeza. Então, Bono Vox, nos vemos em outubro. Por enquanto, Feliz Aniversário!