quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Por que ler Isaac Asimov, o pai dos robôs?


Isaac Asimov nasceu na Rússia em 1920, mas foi criado e viveu nos Estados Unidos. Já graduado em Bioquímica, começou a escrever ficção científica e é considerado um dos grandes nomes da chamada Era Dourada do gênero.

Tendo os robôs como protagonistas de várias histórias, Asimov criou as 3 leis da Robótica na ficção:
1) Um robô não pode ferir um ser humano, ou por inação, permitir que um ser humano sofre algum mal
2) Um robô deve obedecer incondicionalmente um ser humano, exceto quando tais ordens entrem em conflito com a primeira lei
3) Um robô deve proteger a própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a primeira e segunda leis.

Rompendo com o complexo de Frankenstein, seus robôs não eram criaturas hostis que se voltavam contra os criadores. Muitas histórias eram até leves e divertidas, as melhores delas reunidas no livro de contos "Eu, Robô", embora a melhor delas na minha opinião, "O Homem Bicentenário", tenha ficado de fora dessa coletânea.

Eu, como boa cria de Philip K. Dick, estranhei um pouco sua escrita maniqueísta, sem os personagens piradões, alucinações, psicoses, drogas e exegeses característicos das obras do Philip. Minha primeira leitura foi "O Fim da Eternidade", que trata da possibilidade de viajar no tempo como se anos e séculos fossem lugares e das consequências futuras de se mexer no passado, tendo sido inspiração óbvia para filmes como Efeito Borboleta e o episódio San Junipero de Black Mirror.

Não gosto tanto dos livros do Asimov como gosto dos contos. Li recentemente "Juventude e outros contos", com foco em alienígenas e achei fantástico.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Aldous Huxley: histeria, alienação e barbárie

1952. Em "Os demônios de Loudon", Aldous Huxley se mostra um excelente contador de histórias e adverte sobre a alienação obtida pela 'união' de pessoas em prol de organizações políticas: libertos de consciência, não há humanidade ou responsabilidade sobre julgamentos. Nesse cenário, uma multidão é equivalente a um câncer.

Para aliviar o sentimento de culpa, os sádicos sempre encontram justificativas para o seu divertimento:
- A brutalidade com crianças é racionalizada como 'disciplina'.
- A barbárie com infratores é conseqüência do imperativo categórico.
- A violência contra 'hereges' políticos e religiosos é um ato em benefício da 'verdadeira fé'.
- Para a brutalidade com raças, já foram usados argumentos científicos.
- Quanto aos loucos? 'São culpados de sua própria loucura, ou seja, merecem a brutalidade'.

1959. Em "A Situação Humana", Huxley reconhece a co-dependência entre fatores ambientais e hereditários. Se queremos ser 'eugenistas' de alguma forma, também devemos ser reformadores sociais: de que adianta uma raça humana magnífica sem condições para que suas qualidades se desenvolvam?

1931. O protagonista de “Admirável Mundo Novo” (seu livro mais famoso) escolhe o desconforto. Em suma, ele reclama o direito de ser infeliz. De estar sujeito a adoecer, passar dificuldades, ficar apreensivo pelo futuro e suscetível a todo tipo de dor física ou emocional, sem nenhum tipo de imunidade ou anestesia.

1961. O autor escreve a antítese de sua maior obra. Em “A Ilha”, o protagonista opta pelo amortecimento das emoções. Por estar menos consciente da realidade do mundo e dos horrores que o cercam, das próprias dores e rejeita o chavão bíblico “Perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem”. Ele sabe muito bem o que está fazendo. Todos sabem.

2018. Cada um desses livros que eu li nos últimos anos foi um tapa na cara. Um não, vários. Como um autor falecido há 55 amos pode ser tão atual e urgente? Seus livros são verdadeiros tratados sobre a situação e a psicologia humana (inclusive com várias críticas ferrenhas a Freud e Jung), as causas e consequências das autossugestões, catarses, pulsões de morte, alienação e (ir)responsabilidade social dos indivíduos quando parte de um coletivo.

Pensamos que somos algo único e maravilhoso no centro do universo. Mas na verdade somos apenas um leve atraso na infinita marcha da entropia”.
Não adianta, a raça humana é uma falha. Nós somos uma falha do universo.
Verdades... valores... espiritualidade genuína... petróleo”.
Bem vindos ao progresso e à vida moderna.