quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Inferno (2013)

SINOPSE: O professor Robert Langdon desperta em um hospital desconhecido em Florença, Itália, com perda de memória recente após sobreviver a um aparente atentado. Quando Vayentha, uma agente do Consórcio - organização secreta especializada em satisfazer desejos de pessoas poderosas, inclusive governantes do mundo todo, custe o que custar - surge perseguindo Robert, o professor foge com ajuda da médica Sienna Brooks e descobre que o livro "A Divina Comédia" de Dante Alighieri e o quadro "Mapa do Inferno de Dante" de Sandro Botticelli são as chaves para impedir a ameaça bioterrorista do pesquisador Bertrand Zobrist, que é obcecado pela obra de Dante e está convencido de que uma nova enfermidade, como a Peste Negra da Idade Média, é necessária nos dias atuais para resolver o problema da superpopulação do planeta e salvar a humanidade da extinção pelo esgotamento dos seus recursos naturais.

A saga de Robert começa pelo Palazzo Vecchio de Florença, passa por Veneza e termina na Basílica de Santa Sofia de Istambul, sempre seguindo pistas pelas obras de arte, objetos como a máscara mortuária de Dante e pelos lugares históricos por onde passa. 

Quanto aos personagens: 
Sabe aquelas histórias em que você torce pelo antagonista? "Inferno" é exatamente assim. Se for ler, não leia pelo sem carisma e assexuado professor Robert Langdon. Leia pelo vilão: Bertrand Zobrist é um homem interessante, completamente insano e capaz de seduzir seus discípulos (homens e mulheres) de modo a fidelizá-los em sua teoria apocalíptica.

As motivações da atiradora Vayentha, que se vê encurralada por ter falhado na missão de alcançar o professor Robert, são interessantes e poderiam ter sido mais exploradas no livro.

A Dra. Elizabeth Sinskey, diretora da Organização Mundial de Saúde surge na história quase como uma figura mitológica, aparecendo primeiro na alucinações pós-traumáticas de Robert. Seu embate com Bertrand é um dos pontos altos da história.

Sobre Sienna, as reviravoltas do seu personagem não surpreendem e parecem mal construídas. Pra mim, é um personagem tão chato quanto o protagonista.

Quando ao desfecho da história:
Em vista de todo o suspense, esperava mais. Mas mesmo assim não decepciona.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Heathcliff ("O Morro dos Ventos Uivantes")/ Orlando ("Orlando")


"O Morro dos Ventos Uivantes" é um livro de 1847 escrito por Emily Brontë. "Orlando" foi publicado por Virgínia Woolf em 1928.

Ambos os livros são dividido em duas partes.

Na primeira parte do "Morro dos Ventos Uivantes", Heathcliff é apresentado como um órfão adotado por um fazendeiro, Earnshaw, que já tinha dois filhos biológicos: Hindley e Catherine. Heathcliff e Catherine tem uma afeição imediata, ao passo que Hindley hostiliza Heathcliff e, na morte do pai, submete-o a humilhações físicas e psicológicas.
Na primeira parte de "Orlando", o personagem é um nobre inglês nascido no século 16, sedutor, apegado aos animais e a uma vida bucólica ao mesmo tempo em que gosta de escrever e sonha em ter seus textos publicados.

No primeiro ato de ambos os livros, os protagonistas sofrem situações de desilusão e abandono. Catherine decide se casar com Edgar Linton, mais instruído e com melhores condições de vida do que Heathcliff, um trabalhador braçal praticamente escravizado pelo irmão.
Orlando se envolve com uma princesa russa que o abandona no dia marcado para deixarem Londres. Além disso, tem seu sonho de ser reconhecido como escritor frustrado por Nicholas Greene, um influente poeta que ridiculariza seus escritos.

O envolvimento com mulheres traiçoeiras, o isolamento e a introspecção de Heathcliff e Orlando após essas situações talvez sejam as únicas semelhanças entre eles. Vale ressaltar que na primeira parte, é possível admirar Heathcliff por sua resiliência (o que não acontecerá na segunda parte do romance).

A partir daí, os dois livros e seus personagens seguem rumos muito diferentes. O retorno de Heathcliff na segunda parte é marcado pela sua transformação em um homem cruel, perverso e impiedoso no melhor estilo "Velho Testamento".
Orlando, depois de passar uma semana em uma espécie de coma, acorda no corpo... de uma mulher. Isso mesmo. Após ter vivido 30 anos como homem, Orlando muda naturalmente de sexo.

Não vou contar mais para não estragar a surpresa de quem ainda não leu e se interessou.

Talvez a comparação entre os livros e seus protagonistas seja injusta, já que derivam de épocas e estilos literários diferentes. Na minha experiência com os dois livros, o "Morro" foi bem mais fácil de ler. Pela narrativa ser baseada na ação, o ritmo dos acontecimentos é acelerado, e o desenrolar dos fatos desperta muita curiosidade. O livro de Virginia é um pouco maçante por ser muito descritivo e as divagações sobre as diferenças entre os universos masculino e feminino se tornam cansativas. Como a narrativa é baseada no personagem, o ritmo das acontecimentos é bem mais lento também.

Ambos são livros excelentes de duas grandes autoras, cada um a sua maneira, mas enquanto "O Morro dos Ventos Uivantes" soa as vezes - de maneira incômoda - como uma ode ao machismo e à violência doméstica, "Orlando" foi um precursor nas discussões que viriam nas décadas seguintes sobre o feminismo e até mesmo a transexualidade.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Still Alice (2015)

Direção: Richard Glatzer e Wash Westmoreland

Drama sobre Alice (Julianne Moore), uma importante professora de linguística que descobre ter Alzheimer e as implicações da doença em sua vida e na de sua família.
Difícil não se emocionar ao se colocar no lugar da personagem principal e imaginar como deve ser perceber que as habilidades das quais mais nos orgulhamos podem entrar em degradação. Ver as lembranças se apagando. Ou pior, perde-las completamente.
Alice tem um marido e 3 filhos, mas o que toca mais no filme é a relação com a filha Lydia (Kristen Stewart).

#SPOILER
Antes da progressão da doença, em um determinado momento Alice grava um vídeo a si própria com instruções para ingerir um pote de comprimidos caso se dê conta de um estado avançado de deterioração de sua capacidade mental. O clímax do filme é quando ela, já bastante doente, encontra o vídeo e chega muito perto de cometer o suicídio. 
O final é angustiante. Lydia, a filha "imperfeita", aquela que optou por fazer teatro, não quis saber de fazer faculdade, e com quem a mãe sempre teve tantos atritos, acaba sendo quem toma conta dela num momento em que o marido de Alice, em difícil decisão, opta por avanços na sua carreira profissional em outra cidade e Anna, a "filha modelo" chega a demonstrar medo de conviver com a mãe.

Enfim, é um filme que faz refletir sobre o que fazer quando o controle foge completamente das nossas mãos. Julianne está perfeita no papel e espero muito que ganhe o Oscar (embora eu saiba que a premiação nem sempre é justa e premia quem merece). Kristen Stewart mostrou uma evolução como atriz ao meu ver também. Está aos poucos deixando de ser a "Bella".