Histórico de leitura:
16% - A repressão sexual não apenas torna o indivíduo enfermo, mas também o torna incapaz para a cultura e para o trabalho.
25% - Na transição de uma sociedade autoritária para uma livre, as regras seriam: o autocontrole dos impulsos naturais biológicos e a regulamentação moral para os impulsos secundários antissociais.
A moral forçada do dever conjugal (que impõe a mulheres ter relações sexuais sem vontade para "cumprir seu dever") e da autoridade familiar é uma moral de covardes incapazes. O moralista jamais compreenderá ou admitirá que a ordem social que ele defende resulta em miséria sexual.
O higienista sexual Gruber colocava TODA a responsabilidade econômica-social em cima da virgindade pré-nupcial da mulher. A contradição dessa ideologia se dá da seguinte forma: essa exigência priva a juventude masculina de objetos amorosos e, secundariamente, financia o adultério e a prostituição. Em suma, a luta contra a prostituição, relações extramatrimoniais e doenças venéreas tendo como base a abstinência sexual é contraproducente. O casamento é a espinha dorsal da família autoritária.
32% - Quem vai combater a prostituição? A mesma sociedade reacionária incapaz de destruir o desemprego e a ideologia da castidade? A educação sexual encontra-se em um beco sem saída.
40% - Temor e hipocrisia sexual constituem o núcleo do comodismo burguês. Pessoas assim estruturadas são incapazes de democracia. A família na estrutura triangular (normatizada) garante a manutenção do Estado e da sociedade - no sentido reacionário. A masturbação, tão condenada pela Igreja, enfraquece sentimentos de culpa patogênicos.
51% - Casamento compulsório: Devem ser dados passos para abolir o sentimento de culpa sexual, substituir a moral compulsória por uma consciência interna de responsabilidade.
Distinguir meticulosamente relações sexuais genuínas das que correspondem aos interesses econômicos a à posição da mulher e das crianças.
Aqueles que jamais tiveram coragem para uma relação sexual livre (casual, instintiva e/ou sem ligação afetiva) estavam sob sentimento de culpa infundado, portanto neurótico. O casamento sem conhecimento mútuo sexual prévio e sem adaptação sexual frequentemente leva a catástrofes.
A dificuldade fundamental da relação sexual permanente é o conflito da diminuição do desejo sexual ao passo que a ligação amorosa aumenta. Isso pode levar a sentimentos de culpa por ter desejos por outras pessoas e ao ódio inconsciente. Tal embotamento, porém, é reversível pelo reconhecimento das causas das perturbações, como a admissão da naturalidade do desejo por outros, de modo que o interesse sexual pelo parceiro é reacendido.
64% - A legislação do czarismo (sistema político que vigorou por 5 séculos na Rússia e foi derrubado pela Revolução) colocava a posição da mulher e dos filhos ilimitadamente submissa aos pais. Lênin decretou a dissolução do matrimônio e do registro de estado civil. O fim do czarismo, a retirada do poder da classe até então dominante e do seu aparelho estatal de repressão fez com que caísse também o poder do pai sobre os membros da família. Entretanto, a contradição entre a ideologia soviética e as condições reais da época (mulheres ainda não emancipadas) dificultavam as noções de liberdade sexual.
Apesar do ideal de libertação sexual da Revolução Russa, alguns anos depois, veio o retrocesso (homossexualidade voltou a ser crime; poucos direitos à mulher; demonização do aborto) por volta de 1935. O próprio conceito de União contribuiu pra isso.
Outra pressuposição para o refreamento na Rússia foi a enorme divulgação de opiniões errôneas como a de que com a queda da burguesia e o proletariado assumindo o poder, a questão sexual se resolveria por si só. Deixou de se perceber que essas condições PODERIAM melhorar as condições de vida sexual, mas não eram elas PRÓPRIAS essa vida. Um lote de terreno que se adquire para uma casa não é a própria casa.
Com o cenário político, o erotismo nos jovens passou a ser secundário. O comunismo esperava disciplina da sociedade, mas como consegui-la voluntariamente?
77% - No capitalismo, o aborto era uma questão puramente de dinheiro, e a lei do aborto portanto favorecia claramente certas classes e levava as mulheres sem meios ao charlatão.
"Intelectuais" sexualmente distorcidos e neuróticos podem confundir em vez de educar. Foi o que aconteceu na União Soviética. O filósofo sexual Salkind foi um deles: ele considerava a sexualidade infantil parasitária; queria eliminar a sexualidade no interesse do coletivismo, desconsiderando que justamente a didática inibitória é quem cria a delinquência sexual.
A questão de (falta de) espaço para a juventude, os solteiros e até mesmo os casais vivendo nas comunas soviéticas ajudou a gerar a catástrofe sexual.