segunda-feira, 24 de setembro de 2018

"A Arma e outros contos" de Philip K. Dick.

Lançado pela L-Dopa Publicações, "A Arma e outros contos" reúne sete contos menos conhecidos do autor Philip K. Dick em sua fase inicial, fortemente influenciado pelo Pós-Guerra e a Guerra Fria.

"A caveira" abre o livro com uma história de viagem no tempo em que a guerra é tratada como um método de seleção natural. "A cripta de cristal" surpreende com uma forma de terrorismo inusitada. "A arma", apesar de constar no título do livro, é o conto que considero menos interessante, tratando de uma arma de guerra que toma decisões autonomamente, sem um operador.

Os dois contos seguintes parecem se aproximar mais daquilo a que seus leitores estão acostumados: o mundo das pseudo-realidades e das perturbações psicológicas. Em "Ali jaz o wub", uma espécie animal alienígena negocia o próprio abate com seus caçadores e em "O flautista na selva", homens sadios passam a acreditar que se tornaram plantas e agir como tal. 

"Sr. Espaçonave" é um dos mais filosóficos. Um cérebro humano é transplantado em uma máquina espacial sem que se tenha certeza da permanência das faculdades mentais individuais e de que modo as entidades corpo/mente funcionam em conjunto e/ou separadamente, além de discutir a violência como hábito ou instinto.

"Os defensores" fecha o livro com uma referência à alegoria da caverna de Platão ao mostrar a humanidade amedrontada pela guerra vivendo no subsolo da Terra e acreditando nas notas enviadas pelos robôs que habitam a superfície. Esse conto surpreende por parecer mais algo do Isaac Asimov do que do próprio Philip, com os robôs da história rompendo com o Complexo de Frankenstein.