Uma dos melhores coisas que vi nos últimos tempos foi o original Netflix "Aniquilação". Incômodo, de difícil absorção e entendimento, nada palatável. Em meio a teorias e tentativas de compreensão do filme, uma pergunta feita pela Dra. Ventress (personagem da Jennifer Jason Leigh) ficou na minha cabeça: "Por que a minoria das pessoas se suicida, mas a maioria delas se autodestrói?"
Uma resposta, ao menos parcial, encontrei em "Os demônios de Loudon" de Aldous Huxley. A Psicanálise considera teorias de Pulsão de Morte e Pulsão de Vida trabalhando em direções opostas, porém conectadas, relacionadas ao inconsciente. Embora tentativas de suicídio sejam comuns em estado de histeria, raramente são levadas à cabo.
Ações autodestrutivas também são cometidas conscientemente. A autoflagelação, propagada com força pela Igreja na Idade Média e utilizada até hoje, causa ganhos secundários fisiologicamente: períodos de jejum causam intensa lucidez; ausência de sono reduz o limiar entre o consciente e o subconsciente e a dor física, em determinados níveis, pode causar um choque energético. A recompensa seria a transcendência e, nesse viés, o sofrimento aproximaria de Deus.
De volta ao filme, sei que muita gente não gostou, mas não há como negar que as cenas enchem os olhos com sua beleza (e bizarrice também). Pra mim, o filme como um todo mostra metáforas de uma desordem mental como a Síndrome do Pânico e as modificações genéticas monstruosas representam o comprometimento da percepção de um indivíduo em um momento de crise.
Natalie Porman, que tinha me decepcionado um pouco em filmes recentes (considero "Jackie" uma caricatura e "Song to Song" um projeto ruim e aquém de sua capacidade como atriz), está maravilhosa em "Aniquilação".
Natalie Porman, que tinha me decepcionado um pouco em filmes recentes (considero "Jackie" uma caricatura e "Song to Song" um projeto ruim e aquém de sua capacidade como atriz), está maravilhosa em "Aniquilação".