Há um tempo atrás eu li "O Fim da Infância" (1953) do Arthur C. Clarke, que gira em torno da chegada de uma raça alienígena - os "Senhores Supremos" - superior à humana e que passa a nos governar. Essa nova era traz uma realidade sem guerras e conflitos religiosos e o autor explora as prováveis conseqüências de viver em uma utopia. Uma delas é o declínio das artes.
- Seria o caos (ou pelo menos um pouco dele) indispensável para alimentar o nosso processo criativo?
Outro ponto marcante no livro é o aspecto físico desses aliens, semelhantes à nossa visão pré-concebida dos demônios. Porém eles são nossos protetores.
- Até que ponto podemos ser enganados pelas aparências e precisamos nos proteger de nós mesmos?
Em seguida, comecei a ler Philip K. Dick, que utiliza elementos como viagens espaciais, inteligências artificiais, distorções do espaço-tempo e drogas psicodélicas para questionar a realidade.
Em "Androides Sonham Com Ovelhas Elétricas?" (1968), o ponto central é a empatia. Ela não é natural nos humanos e precisa ser estimulada através de uma simulação virtual. Os andróides podem ser tão passionais quanto as pessoas reais e as pessoas tão mecânicas quanto uma I.A. Esse livro inspirou o filme "Blade Runner" (1982), que tem um ponto em comum com "Matrix" (1999) e "Ghost In The Shell" (2017): lembranças falsas são implantadas nos protagonistas e seus corpos e mentes funcionam como entidades distintas, exemplificando o dualismo cartesiano.
- Podemos confiar nas nossas memórias? Seria a consciência - não material - mais confiável que os cinco sentidos?
As histórias de Philip e Arthur (também autor de "2001: Uma Odisséia no Espaço" [1968]) escritas na década de 50, 60 e 70 imaginavam o mundo nos anos 2000 e a experiência maravilhosa em ler é constatar as profecias concretizadas (PKD descreveu um GPS em "Fluam Minhas Lágrimas, Disse o Policial" [1974] e ACC um tablet em "2001") e as não concretizadas (ainda não estamos pegando ônibus espaciais pra Marte como era previsto).
Mas o mais esplêndido na ficção científica - seja antiga ou atual - é perceber que não são simplesmente historinhas bobas de máquinas, planetas e robôs, mas formas de nos enxergarmos como seres humanos, a realidade em que vivemos, nossas decisões e nossa consciência. De uma maneira bem passional, eu posso dizer que a minha vida nunca mais foi a mesma desde que me interessei por FC. Meu interesse por astronomia e filosofia se intensificou. O número de respostas diminuiu e o de perguntas aumentou. Mas acho que isso é bom.
- Podemos confiar nas nossas memórias? Seria a consciência - não material - mais confiável que os cinco sentidos?
As histórias de Philip e Arthur (também autor de "2001: Uma Odisséia no Espaço" [1968]) escritas na década de 50, 60 e 70 imaginavam o mundo nos anos 2000 e a experiência maravilhosa em ler é constatar as profecias concretizadas (PKD descreveu um GPS em "Fluam Minhas Lágrimas, Disse o Policial" [1974] e ACC um tablet em "2001") e as não concretizadas (ainda não estamos pegando ônibus espaciais pra Marte como era previsto).
Mas o mais esplêndido na ficção científica - seja antiga ou atual - é perceber que não são simplesmente historinhas bobas de máquinas, planetas e robôs, mas formas de nos enxergarmos como seres humanos, a realidade em que vivemos, nossas decisões e nossa consciência. De uma maneira bem passional, eu posso dizer que a minha vida nunca mais foi a mesma desde que me interessei por FC. Meu interesse por astronomia e filosofia se intensificou. O número de respostas diminuiu e o de perguntas aumentou. Mas acho que isso é bom.